quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Menina da Rua da Praia

Gravura de João Werner (Artista Plástico)
   Ela pairava pelas ruas de Porto Alegre. A cada passo um olhar corria em sua direção. Podiam sentir o seu cheiro de sexo, aqueles tolos, que como uma nuvem ia se espalhando conforme ela progredia nos paralelepípedos da Rua da Praia. O Calor era intenso naquele início de verão e ela sentia, agora, uma gota de suor escorrer por entre suas pernas, conforme ia deslizando através de seus pelos, um arrepio lhe subia o corpo, fazendo com que se tornasse quase impossível resistir a espera de um orgasmo. Ela sabia que ninguém à sua volta poderia lhe  proporcionar o prazer desejado. Olhava em todas as direções e apesar de ver pessoas belas, com corpos perfeitos, nem homens, nem mulheres a satisfariam por completo. Ela tinha uma atração ímpar por ela mesma, desejava com afinco seu próprio toque e então começou a massagear lentamente seu pescoço enquanto caminhava. Seus seios estavam agora como agulhas e quase podiam furar sua blusa cor de pele já transparente devido ao suor que a molhava, tornando-os, a cada segundo, mais visíveis a quem os admirasse. Foi quase cegando em seu anseio, que se encontrou, em um súbito olhar, à frente do Shopping na Praça da alfândega e em um impulso se deixou levar... Ao adentrar o local, por entre lojas e pessoas que se debatiam, foi logo procurando pelo banheiro. Entrou em uma cabine, onde ao canto havia uma cadeira com pernas douradas, e sentou-se relaxadamente deixando escorrer suas calcinhas por entre as pernas, mesmas pernas que conforme se abriam, iam deixando correr suas mãos trêmulas, lentamente coxas acima, espalhando seu suor, confundindo seus pensamentos, até tocar seu clitóris, em uma explosão de sentimentos. O tempo já não existia naquele momento, nada mais do mundo exterior importava naquela hora, ela estava em transe junto a si mesma e conforme friccionava seus dedos com mais e mais vontade, deixava sua língua escorrer em seu corpo por onde ela alcançasse. Por vezes puxava com uma das mãos seus seios até a boca. Contorcia-se na cadeira como que acreditando que ela mesma fosse mais de uma pessoa, e essas duas pessoas, nesse momento, lhe proporcionavam tudo aquilo que lhe era necessário. Começou então a sentir espasmos, era como se seus músculos estivessem todos independentes em seu corpo, mas ela não se incomodava com isso, ela queria mais, queria tudo, esperava o ápice. Seus gemidos podiam ser ouvidos por todo o recinto, mulheres já se amontoavam pra ouvi-la, mas ela estava alheia a tudo isso, ela tinha seu mundo, e nesse mundo existiam somente duas pessoas: Ela e Ela mesma. Então veio lentamente chegando a sensação tão esperada, a plenitude de tal situação, envolta em seu suor. Sentia de suas entranhas surgir a mais bela das emoções já vividas e então soltou um grito de prazer. Seus dentes cerrados, as unhas da mão esquerda cravadas em seu braço direito, o universo lhe pertencia, e era belo. Com a respiração ofegante se entregou ao momento por alguns instantes enquanto retomava seus sentidos. Logo após se recompôs, esfregou as palmas de suas mãos ao rosto e levantou-se como se tivesse retirado uma montanha de pedras de cima de si mesma. Ao abrir a porta, deparou-se com inúmeras mulheres tentando disfarçar o que haviam presenciado. Dirigiu-se até a pia, lavou o rosto e pescoço, arrumou sua bolsa a tira colo, abriu a porta, olhou pra trás, e dando de ombros partiu, sentindo-se realizada naquele instante.

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